Diana, princesa de Themyscira, filha de Hipólita, rainha das Amazonas. Inquietante pensar que durante os 75 anos da icônica personagem da DC Comics, esta seja a primeira vez que a heroína ganha um filme solo nos cinemas. Mesmo fazendo parte da famosa Trindade da editora, fora dos quadrinhos sempre coube à Mulher-Maravilha um papel de coadjuvante. Até agora! Dirigido pela talentosa Patty Jenkins, o primeiro acerto do filme foi ter saído da mesa de projetos. A produção, que desde 1996 lutava para ganhar vida, é um marco na história do cinema por ser o primeiro longa-metragem de uma heroína vinda dos quadrinhos. Além disso, ter uma mulher na direção é outro ponto inegavelmente positivo. Dado sinal verde pela Warner Bros., faltava escalar a atriz. A escolhida para o papel de extrema responsabilidade é Gal Gadot, Miss Israel 2004 e ex-militar. Antes de fazer sua estreia em “Batman vs Superman: A Origem da Justiça” em 2016, muita dúvida e desconfiança a cercavam. Estes sentimentos logo caíram por terra quando a atriz roubou a cena no pouco tempo que apareceu. Porém, o teste definitivo era ver como Gal se sairia ao protagonizar um filme sozinha. O resultado não poderia ser melhor! A atriz está excelente ao transmitir com maestria uma postura de força e inocência, característicos dessa fase de construção da personagem. “Mulher-Maravilha” é um filme de origem. Possui um roteiro simples e claro, mas não pobre. Pelo contrário, é muito bem construído. A história parte da misteriosa Ilha Themyscira, onde vivem em paz e harmonia as Amazonas, mulheres guerreiras e incrivelmente fortes. Este é o lar de Diana, filha da rainha Hipólita (Connie Nielsen), que desde pequena demonstra paixão pela arte do combate. Mesmo que sua mãe tente sem sucesso afastá-la do treinamento, Diana cresce e se torna uma exímia lutadora com ajuda de sua tia Antíope (Robin Wright). No entanto, toda a calmaria da ilha acaba quando o avião de Steve Trevor (Chris Pine) cai na praia e, junto dele, chega a notícia de que o mundo está enfrentando a Primeira Guerra Mundial. Movida por um sentimento de proteção e amor ao próximo, Diana parte ao mundo dos homens para dar um fim ao conflito. Antes de partirmos para este novo mundo, vale destacar dois pontos da beleza de Themyscira. O primeiro diz respeito à ilha: um paraíso natural de cores vibrantes que transborda a tela e inunda os olhos! Os montes verdes, a areia branca da praia e o mar azul cristalino são tão atraentes que é impossível encontrar alguém que não esteja disposto a morar neste cenário. O segundo é sobre o poder feminino. De todos os filmes que já assisti na vida, nunca vi um onde mulheres apareciam tão imponentes. Sejam nos treinamentos com espadas, combates corpo a corpo ou montando em cavalos, Themyscira exala força e prova que toda mulher é sim poderosa! Já no mundo dos homens a situação é totalmente oposta. As mulheres não têm direitos e o colorido da ilha paraíso cede espaço para um tom escuro e acinzentado. É Diana, com sua esperança e amor, que trás cor para este velho “novo” mundo. Admirável notar que a princesa amazona não se deixa intimidar pelos homens, independente de sua posição hierárquica na sociedade. Ela tem voz e opinião, e quando sente vontade de expressá-la, assim o faz. Uma personagem totalmente feminista! Ao longo de seu crescimento como heroína, Diana tem ao lado um time de personagens muito bem apresentados. A secretária Etta Candy (Lucy Davis), o árabe Sameer (Saïd Taghmaoui), o escocês Charlie (Ewen Bremner) e o nativo-americado Chefe (Eugene Brave Rock) ajudam, cada um a sua maneira, a construir a Mulher-Maravilha que conhecemos e a desenvolver com naturalidade o roteiro. O romance de Steve e Diana acontece de maneira bela e simples, sem parecer forçado. Já as cenas de ação são um espetáculo a parte! Muito bem coreografadas, o uso da câmera lenta é recorrente e funcional para mostrar a complexidade dos movimentos das amazonas e de Diana. Aliadas ainda a uma boa trilha-sonora (mesmo que não tão impactante como de outros filmes da DC) e uma excelente fotografia presente no filme inteiro, o resultado é de tirar o fôlego! O humor, grande preocupação entre os fãs, é visivelmente mais presente se comparado com as últimas produções do estúdio, porém bem equilibrado e inserido na trama. Nada que irá atrapalhar a experiência do mais sério dos espectadores. A única falha do filme, porém, surge ao longo do terceiro ato. O combate final entre Mulher-Maravilha e o vilão principal esbarra em diversos clichês e diálogos já batidos. A sequência lembra em muitos momentos o terceiro ato de “O Homem de Aço”, longa que conta a história de origem do Superman. Felizmente, estes erros não são suficientes para abalar a história construída até ali, que se encerra de maneira apoteótica e inspiradora. “Mulher-Maravilha” é um filme que trabalha com as nuances do ser humano, suas falhas e virtudes. Coloca Diana em conflito várias vezes e ao mesmo tempo em que apresenta a personagem a nós, nos releva a ela. Em tempos de crise e constante estado de medo que vivemos, o longa é um sopro de esperança que nos motiva a restaurar a fé na humanidade. Um filme que certamente inspirará milhares de garotas com sua representatividade, e todos aqueles que acreditam que o amor é a força mais poderosa do mundo.
NOTA: 9/10 Texto por Giovanni Oliveira. |
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